As coisas mudam: do fundo do fim se volta ao começo (Nádia Virginia)

 

Nádia Virginia
Escritora e professora da UNEB
Colaboradora do Núcleo de Audiovisual da Assessoria de Comunicação (Ascom) da UNEB

Outro dia, eu caminhava num quarteirão de meu novo endereço, em direção ao antigo, e vi uma movimentação diferente na rua. Mais à frente, um rapaz resolveu se deitar no asfalto. Parece que ele queria morrer, descansar um pouco ou talvez estivesse sendo movido pela viagem das drogas, sabe-se lá. Mas, fazer uma coisa desta numa avenida tão movimentada como aquela era mesmo, independente da motivação, uma tremenda loucura. Parece que, no mesmo instante, um carro quase o atropelou. Parece que era uma mulher ao volante e ela quis chamar o SAMU, ajudar o rapaz de alguma forma, mas ele se levantou do asfalto, aparentemente bem, e foi cercado por gente que queria dar uma ajuda ou dar uma olhada.

Ao se deitar no asfalto, aquele rapaz deve ter olhado para o céu. Provavelmente viu que o céu era verde, um céu de folhas de árvores que se encontram lá em cima e fazem um túnel verde fechado naquela avenida. Provavelmente, no pouco tempo que permaneceu deitado no asfalto, uma chuva de folhas secas caiu sobre ele, porque estamos em pleno outono. Pingos de água também devem ter caído por sobre o asfalto, porque São Pedro manda chover nessa época do ano.

A motorista que quase cometeu um atropelo involuntário, uma parte daquela gente toda em volta e eu, gostaríamos que as coisas mudassem para aquele rapaz, para jovens como ele e para todos nós brasileiros. Há mudanças que dependem de nós e outras que acontecem, como ciclos em movimento constante.

No mês de junho as coisas mudam: na tradição luso-brasileira, Santo Antônio, além de atender as aflições e restituir os objetos perdido, tem que assumir uma função extra de Cupido. São João, que se alimentava de gafanhotos, até que fica bem na foto com um carneirinho debaixo do braço. São Pedro recebe atenção especial das viúvas e encerra as festividades do mês.

O mundo é muito grande, em junho, o sol se muda para o outro hemisfério e deixa a chuva e um pouco de frio por aqui, é o nosso solstício de inverno. A natureza, as coisas sabem que chegou o tempo da colheita, da celebração, do amadurecimento. O milho sabe de tudo e sorri seu riso lindo de dentes amarelos, antes disso, as folhas já cansadas de saber, se deixam cair no mundo, por amor ao outono. E nós, seres humanos, a gente, vai vivendo, sem parar para mudar, sem se dar conta de que vai mudando, como tudo.

Mês de junho, mês de junho, olhe em volta, olhe para o céu, veja que coisa linda é a vida, a nossa vida se renovando!

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