A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) externa o mais profundo sentimento de pesar pelo falecimento do educador, ex-reitor e ex-vice-reitor da instituição, Monsenhor Antônio Raimundo dos Anjos, no último dia 16 de maio.
Natural da cidade baiana de Nova Soure, Padre Raimundo, como era mais conhecido, concluiu seus estudos teológicos e de Psicologia (pós-graduação) na cidade de Roma, na Itália. Ordenado sacerdote em 1962, começou a desenvolver no município de Caetité atividades ligadas à educação e ao sacerdócio.
Além dos cargos assumidos na Reitoria e Vice-Reitoria da UNEB, ele foi fundador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caetité (FFCLC), que após a reestruturação das Universidades Estaduais da Bahia, em 1997, passou a ser denominada Departamento Ciências Humanas (DCH) do Campus VI da instituição. O educador também teve assento no Conselho de Educação do Estado da Bahia (CEE).
Em reconhecimento a uma vida dedicada à educação e às benfeitorias para a população baiana, o reitor José Bites de Carvalho decretou luto oficial de três dias na Universidade do Estado da Bahia.
A trajetória do Monsenhor Antônio Raimundo na UNEB e suas contribuições para o desenvolvimento da Educação Superior Baiana foram lembradas em emocionados depoimentos de amigos, parceiros de gestão e admiradores de seu trabalho.
José Bites de Carvalho, reitor da UNEB
“Lamento profundamente perda do Padre Raimundo, ele teve uma história marcante na UNEB e contribuiu significativamente para o fortalecimento da educação superior no Estado da Bahia. Desde a sua atuação em Caetité, onde era muito querido, também pela sua religiosidade, até a gestão na administração central, onde foi reitor e vice-reitor por duas vezes, Padre Raimundo trabalhou para provocar transformações importantes na instituição. Fica o nosso agradecimento pele seu empenho e dedicação pela história da UNEB.”
José Antônio Icó, amigo e pró-reitor de Administração durante seu reitorado
“Meu amigo integrava a grei dos homens bons. Uma alma pura, um sábio administrador que alinhava o desempenho das suas incumbências com a bandeira que era própria do seu proceder. Sua religiosidade era silenciosa , mas o seu amor ao próximo clamava por amparo aos mais necessitados. Seu espírito segue em límpido caminho de luz em direção do senhor, do qual era obediente e zeloso servo. Com profunda saudade.”
Edivaldo Boaventura, primeiro reitor da UNEB
“Monsenhor Raimundo foi um colaborador de grande importância para a UNEB, desde o seu início. Com seu espírito compreensivo e prestígio, conduziu a universidade em um período muito difícil com independência e apoio político. Com ele a UNEB foi credenciada, o que é um marco muito relevante. Lamento profundamente o desaparecimento de um servidor tão qualificado e que tanto contribuiu com a Universidade.”
Dr. Eduardo Lessa, amigo e ex-procurador da UNEB
“Como procurador (ora aposentado) da UNEB, trabalhei durante seu reitorado. Pe. Raimundo foi um reitor de muitas realizações para a Instituição UNEB. Ele conseguiu contornar muitos problemas e crises, mantendo viva a Instituição. Os avanços se seguiram e a universidade se fortaleceu. Como conselheiro do CEE teve participação ativa nos processos de reconhecimento dos cursos e do recredenciamento da UNEB. Disso sou testemunha, pois trabalhei ao seu lado na UNEB e no Conselho. Estamos todos consternados com seu desaparecimento. Mas, como cristãos sabemos que ‘a vida não é tirada, mas apenas transformada’. Nossa pátria definitiva é junto de Deus, na bem-aventurança do céu. Que Deus receba Pe. Raimundo. Descanse em paz!”
Nádia Fialho, amiga e pró-reitora de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação durante seu reitorado
Como falar de Pe. Raimundo se aqui só cabem alguns breves traços de um desenho muito maior?
Com Pe. Raimundo, a UNEB deu passos importantes para uma mudança radical na sua configuração – até então uma instituição restrita ao ensino de graduação e ações de extensão – possibilitando a emergência da dimensão acadêmica, compreendida como ensino-pesquisa-extensão. Mas, não só. Foi também com o Reitor Pe. Raimundo que a nossa Universidade implantou sistemas administrativos para o enfrentamento da burocracia e o reordenamento e a melhoria do fluxo administrativo-financeiro, inclusive por meio de auditorias internas, que foram levadas ao Conselho Universitário. Mudou-se a estrutura da PROAD, implantaram-se os setores administrativo, contábil e financeiro; revigorou-se a CPL, a Auditora Interna. É, portanto, também dele o mérito em demonstrar que, na gestão de uma Universidade, as dimensões acadêmicas e administrativas são convergentes. Com ele, instituiu-se um modelo de gestão, pautado na ação conjunta da Reitoria; conjunta e participativa, com discussões, com diferenças e com responsabilidade e respeito.
Assim, lançou-se, a UNEB, à construção de um novo perfil com a instalação da base do sistema de informações sobre a produção docente; garantia do apoio institucional para a realização de mestrados e doutorados pelos docentes; implantação do PAC para docentes; ampliação da perspectiva de formação pós-graduada aos técnicos da Universidade; inclusão da UNEB no PIBIC e, à mesma época, implantação de programa próprio de IC, o PICIN. Apontava-se, assim, para a importância da qualificação de todos, estudantes, técnicos e docentes.
Foram inciativas que, adiante, deram suporte à qualificação institucional da UNEB, como vemos agora através do trabalho realizado pela atual gestão, que disponibiliza, no portal da Universidade, os dados sobre a vida acadêmica e dados referentes à execução orçamentária, financeira e contábil.
Para a UNEB – que nunca atravessou períodos fáceis – aquele também foi um período de grandes desafios. Recordo que, em abril de 1995, sob a sua coordenação foi elaborado o documento “UNEB: em defesa da sua manutenção”, dirigido ao Governo do Estado. Esta luta segue em pauta. É duro reconhecer que os anos se passam avolumando efeitos gerados pelo desconhecimento ou pela indiferença dos órgãos oficias sobre o papel, as necessidades e resultados alcançados pelas universidades estaduais. Estamos falando de mais de vinte anos passados…
Ressalto, aqui, a iniciativa de colegas nossos da UNEB que organizaram o livro Padre Antônio Raimundo dos Anjos: Educador missionário, publicado pela Egba, em 2015. É mais um jeito de alargar nosso conhecimento sobre Pe. Raimundo, “esse homem de voz mansa e atitudes firmes”, sobre sua formação, pensamento, trajetória.
Como falar de Pe. Raimundo, nos traços de um desenho que também fala da imensa amizade, do profundo carinho e da absoluta confiança? Amizade que nos nutria como crianças, a rir pelas madrugadas, nas praças, nas viagens de ônibus entre os campi da UNEB … Carinho que se transmitia no abraço leve e calmo, com que sempre nos acolheu … Confiança que nos permitia conversar com franqueza, dizer e ouvir, divergir e compartilhar…
Deixo aqui meu abraço afetuoso a toda a sua família e à vc, Pe. Raimundo, minha despedida é de amor a vc, meu amigo do coração, com admiração, gratidão e honra de ter convivido, como amiga e como profissional, com você.”