Ao completar neste mês 36 anos de instituição, a UNEB, entre as muitas conquistas que marcam sua história, comemora um avanço em especial: o da interiorização da pós-graduação stricto sensu, muitas vezes com pioneirismo em algumas regiões do estado.
De uma instituição centrada majoritariamente na formação de professores até quase metade de sua existência, a universidade chega ao fim da década de 1990 e começo do novo milênio decidida a crescer e disseminar por vários de seus campi as atividades de pesquisa e de ensino de pós-graduação, primeiramente em nível de mestrado e, mais adiante, de doutorado.
Do inaugural mestrado sediado no campus de Salvador do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade (PPGEduC) – que, anos depois, passou a ofertar também o primeiro doutorado da instituição –, a UNEB pode ostentar hoje um portfólio de 22 mestrados e cinco doutorados.
Veja aqui relação atual de programas stricto sensu da UNEB
Além desse expressivo crescimento vertical, a universidade comemora também uma singular expansão horizontal, própria de uma instituição que, desde sua origem, é marcadamente multicampi: do total de cursos, 11 mestrados e quatro doutorados são ofertados por departamentos em campi do interior do estado.
Para se ter ideia da consistente ampliação e interiorização da pós-graduação na UNEB, registre-se que, somente nos dois últimos anos, foram nove novos cursos de mestrado e doutorado em campi da universidade na capital e interior aprovados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC).
“Atualmente estamos acompanhando sistematicamente 16 propostas de novos cursos stricto sensu de diferentes departamentos, das quais pelo menos dez têm potencial de encaminhamento para a Capes”, conta a pró-reitora de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG), Tânia Hetkowski.
Em tramitação no órgão federal já se encontra hoje o processo de criação do Mestrado Profissional em Gestão de Processos Comunicativos e Inovação Social, a ser sediado no campus de Juazeiro.
A interiorização da pós-graduação faz parte do plano estratégico da gestão universitária, o qual incentiva propostas de novos programas stricto sensu na modalidade interdepartamental.
A implantação de novos cursos em articulação e colaboração entre departamentos de campi diversos possibilita a otimização dos recursos humanos e materiais já disponíveis.
De acordo com o reitor da UNEB, José Bites, é importante, no cenário de restrição orçamentária, que as propostas de novos cursos de pós-graduação no interior do estado sejam bem planejados e articulados, “a fim de aproveitar a infraestrutura, laboratórios e o corpo técnico e docente qualificado que já dispomos na universidade”.
“É nossa responsabilidade como gestores e comunidade acadêmica, diante do atual contingenciamento no orçamento das universidades estaduais, continuar avançando nas ações universitárias com consistência, valorizando e potencializando nossos recursos”, avalia o reitor.
Novo doutorado em Alagoinhas
Um dos mais recentes doutorados conquistados pela UNEB foi o do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural (Pós-Crítica). A Capes divulgou no último mês de março a aprovação do curso.
Sediado no Campus II, em Alagoinhas, o Pós-Crítica já oferta o curso de mestrado há cerca de dez anos.
“O novo doutorado é boa notícia para quem gosta de estudar, pesquisar, pensar e lutar, por meio da ciência, da cultura e do pensamento, por um Brasil mais justo, socialista e democrático. Essa é mais uma vitória da nossa comunidade acadêmica”, comemora o coordenador do programa, Osmar Moreira.
O Pós-Crítica possui duas linhas de pesquisa – Literatura, produção cultural e modos de vida e Letramento, identidades e formação de educadores –, por meio das quais mobiliza atividades de pesquisa, ensino e extensão que vão da mediação junto a escolas fundamentais e colégios estaduais da região, passando pelo redimensionamento e prática curricular dos cursos de Letras da universidade e sua maior inserção na comunidade local, aos intercâmbios estaduais, regionais, nacionais e internacionais voltados à mobilidade docente e discente.
“Graças aos projetos de pesquisa com o apoio da PPG e de fundações e agências de fomento, a exemplo do Laboratórios do Pensamento Crítico Cultural e do Potências Transnacionais Emergentes e seus Crivos Culturais (BRICS), o programa tem contribuído fortemente na internacionalização da língua portuguesa e sua relação com a língua russa, o mandarim e o inglês da Índia e África do Sul”, assinala Osmar.
Segundo o coordenador, desde sua criação o programa tem apresentado como resultados “dezenas de milhares de produtos bibliográficos e técnicos, acessíveis em diferentes plataformas e veículos de divulgação qualificados, bem como construído uma plataforma local de conexões globais. Isso é fator decisivo para o desenvolvimento da Bahia e do Brasil no que concerne à aquisição de uma língua voltada ao seu protagonismo civilizatório e à sua cidadania cultural”.
Mestrado interdepartamental no interior
Exemplo do êxito que os cursos stricto sensu interdepartamentais estão alcançando na multicampia da UNEB está no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal (PPGBVeg).
Único programa da área com ampla oferta de vagas em municípios distantes de capitais no Nordeste, o PPGBVeg funciona por um consórcio entre três departamentos sediados nos campi da UNEB em Senhor do Bonfim, Paulo Afonso e Alagoinhas, beneficiando dezenas de cidades dessa ampla região do estado.
“Essa amplitude de abrangência e elevada capilaridade do PPGBVeg é única na área da biodiversidade e de extrema relevância sob vários aspectos, especialmente científico, ambiental e social”, avalia a coordenadora do programa, Marileide Saba.
No campo científico e ambiental, o programa, por meio do desenvolvimento de projetos de pesquisa, tem gerado informações relevantes para o conhecimento da biodiversidade vegetal. Além do bioma caatinga na Bahia, os pesquisadores ampliaram seus estudos para a flora do Nordeste. Os projetos têm gerado publicações com informações estratégicas para a proteção dessa biodiversidade.
Vice-coordenador do programa, Francisco Hilder destaca que o PPGBVeg, “mesmo com as dificuldades orçamentárias enfrentadas pela UNEB nos últimos anos, continua firme no seu propósito de formar e aperfeiçoar pessoal para atuar na docência do ensino superior, na pesquisa científica e no desenvolvimento de atividades inerentes à biodiversidade, possibilitando aos estudantes o aprimoramento profissional necessário para contribuir nos avanços das boas práticas de conservação e preservação ambiental, embasadas em fundamentos científicos sólidos e com engajamento social”.
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Imagem: Ascom